sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O estudo 'Às Custas dos Pobres' pesquisou a conduta de três multinacionais da indústria farmacêutica no Brasil


 O estudo 'Às Custas dos Pobres' pesquisou a conduta de três multinacionais da indústria farmacêutica no Brasil. A pesquisa foi feita às expensas da OnG alemã Bundeskoordination Internationalismus (Buko).

Entre janeiro de 2011 e junho de 2012 foram avaliadas a oferta de medicamentos, a política de preços e as estratégias de marketing dos três grupos. Apesar de alguns pontos positivos, como o fato de muitos medicamentos importantes produzidos pelas multinacionais serem comercializados no Brasil, as críticas se sobressaem: preços muito altos impedem o acesso a medicamentos importantes, remédios proibidos em outros países são vendidos no Brasil, algumas campanhas publicitárias são enganosas e combinações de substâncias oferecem riscos à saúde.
'O objetivo era identificar problemas nas estratégias dessas empresas e tentar mudar algumas de suas condutas', fala o pesquisador Rogério Hoefler, do Conselho Federal de Farmácia, que cooperou com o projeto da ONG alemã. 'Para produtos que as empresas não podem comercializar na Alemanha, elas procuram um outro mercado e utilizam a fragilidade desses países na questão sanitária', completa o pesquisador. E o Brasil é um desses destinos.
Na avaliação de Hoefler, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – que existe há pouco mais de dez anos – ainda encontra-se em seus primórdios em termos de atuação. Segundo o pesquisador, as empresas tiram proveito dessa situação. 'Mesmo sabendo que o produto não seria adequado e seguro para ser comercializado, elas vão vendendo enquanto o governo permite', afirma.
Buscopan Composto
Essa declaração vale, por exemplo, para a Boehringer Ingelheim. O Buscopan Composto, por exemplo, é severamente criticado por conter a substância ativa metamizol, que pode desencadear diversas reações adversas no corpo, além de provocar uma redução drástica de glóbulos brancos, importantes para o sistema imunológico.
A substância é proibida nos EUA, no Reino Unido, na Austrália, no Canadá e na Suécia. Na Alemanha, os medicamentos que contêm metamizol foram retirados do mercado em 1990 e o uso da substância é limitado a determinados casos.
A pesquisa afirma que a Boehringer Ingelheim continua oferecendo o medicamento nas farmácias brasileiras por interesses econômicos: o Buscopan Composto é o medicamento mais vendido no país, tendo sido responsável por 11% do faturamento da Boehringer Ingelheim no Brasil em 2011.
Preços elevados e publicidade enganosa
Bayer: preços altos e propaganda enganosa

Já a Bayer HealthCare, sediada em Leverkusen, no oeste alemão, é criticada por suas peças publicitárias e seus altos preços. O medicamento Nexavar, muito importante no tratamento do câncer de fígado, custa no Brasil por mês para cada paciente um total de 2.934 euros (aproximadamente 7.300 reais) – um preço salgado até para a classe mais abastada, ressalta a pesquisa.
Além disso, certas 'misturas absurdas de vitaminas' também foram criticadas. O complexo Supradyn Pré-Natal reúne 25 substâncias. Segundo especialistas, isso é problemático, uma vez que a reação do corpo à ingestão concomitante de tantos princípios ativos é imprevisível.
Além disso, as peças publicitárias do medicamento são questionáveis: num spot para a TV, mãe e filho tomam juntos um comprimido do composto vitamínico, enquanto degustam uma comida fast food, insinuando ao espectador uma alimentação que fornece energia ao corpo.
Sem colaboração
A norte-americana Baxter foi a que melhor se saiu nos resultados da pesquisa – mas é, também, a menos presente no mercado brasileiro entre as três empresas pesquisadas. Em 2011, a multinacional comercializou 53 produtos no país, ao passo que a Boehringer Ingelheim esteve presente com 104 medicamentos e a Bayer, com 167.
Uma das críticas à Baxter é, contudo, a política de preços. As parcelas mais pobres da população, bem como os hospitais públicos, acabam não tendo acesso aos remédios do fabricante. Além disso, a empresa não se dispôs a colaborar com o estudo e se recusou a responder os questionários enviados.
A equipe de pesquisadores tentou entrar em contato com as três multinacionais no Brasil, mas o retorno foi mínimo: apenas a Boehringer Ingelheim respondeu. 'Essa falta de transparência é um aspecto muito importante. Percebemos que quase não existe um compromisso com a sociedade, nem uma transparência de informar o que fazem no Brasil', aponta Hoefler.
Conclusões finais
O estudo conclui que o livre acesso à saúde no Brasil esbarra principalmente nos altos preços dos medicamentos, principalmente no que diz respeito às chamadas 'doenças da civilização', como enfermidades cardíacas e circulatórias, câncer ou diabetes, cujo tratamento depende muitas vezes de medicamentos de preços elevado. Para mudar essa situação são necessários investimentos enorme nos próximos anos, concluem os pesquisadores.
A pesquisa realizada no Brasil complementa projeto semelhante executado na Índia, em 2010, no qual a conduta das mesmas empresas foi analisada. O estudo será publicado no Brasil, em português, entre fevereiro e março de 2013.
O Brasil é o quarto maior mercado consumidor de medicamentos do mundo, depois dos EUA, da Alemanha e da França. Desde 2005, o mercado brasileiro cresce num ritmo acima dos 10%, em 2010 chegou até a 19% ao ano. Além disso, o Brasil é o país com maior número de farmácias do mundo – a Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias registra mais de 60.000 drogarias em todo o território nacional.
Fonte: Deutsche Welle

Deputado baiano defende a desoneração de impostos dos medicamentos


 O deputado federal Amauri Teixeira (PT/BA) defendeu, nesta manhã de quinta-feira (29), durante a abertura do 'IV Fórum Nacional de Medicamentos no Brasil -Acesso e Inovação' a desoneração de impostos para o setor. Estavam também compondo a mesa do evento o senador e Titular da Comissão de Assuntos Sociais, Paulo Bauer (PSDB/SC), a deputada e membro da Comissão de Seguridade Social e Família, Jandira Feghali (PCdoB/RJ), o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Paulo Gadelha, o representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, José Agenor Alvares da Silva e a presidente do Programa Ação Responsável Clementina Moreira Alves.

O deputado Amauri Teixeira elogiou o trabalho feito pelo Ministério da Saúde, especialmente depois da chegada do ministro Alexandre Padilha, parabenizou Jandira pelo trabalho feito na subcomissão e falou no acesso aos medicamentos, 'não podemos pensar em ampliar o acesso aos medicamentos sem levar em conta toda a cadeia, esse segmento mexe com vidas, com pessoas e isso tem que ser levado em consideração', destacou Teixeira.

O parlamentar falou também sobre o trabalho da Agência Nacional de Vigilância Sanitária: 'a ANVISA tem trabalhado com o padrão e o rigor necessário, mas precisamos combinar isso com agilidade, pra isso a agência precisa ganhar corpo, com mais funcionários e mais técnicos', assinalou.

Fonte: JusBrasil

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dia da Homeopatia: conheça os benefícios da terapêutica criada no século XVIII
* Por Dra.Patrícia Martins de Rezende
No próximo dia 21 de novembro comemora-se o Dia da Homeopatia. Cada vez mais popular, a terapêutica é indicada para tratar diversas patologias de forma menos agressiva, desde uma leve alergia ou até mesmo um caso mais complexo, como uma insuficiência renal. Utilizada tanto em humanos como em animais, o método compreende o equilíbrio emocional e orgânico, fortalecendo a imunidade do paciente. A Homeopatia tem também o objetivo de prevenir possíveis problemas de saúde.
A Homeopatia foi criada no século XVIII pelo médico alemão Samuel Hahnemann, que após ler o que um autor falava na China sobre o quinino, medicamento utilizado para o tratamento da malaria, resolveu tomar o medicamento em doses ponderais. Ele estava saudável, e após ingerir o medicamento teve febre semelhante à produzida pela doença. Com isso, foi constatada a Lei dos Semelhantes, lei natural de cura que já havia sido descrita por Hipocrates há cerca de 400 a.C.
Hipócrates enunciou em seus escritos quatro leis naturais de cura, são elas: Lei dos Contrários (Alopatia), Lei Natural de Cura, quando o organismo se cura sem receber nenhum estímulo, Lei dos Iguais (Isopatia) e a Lei dos Semelhantes (Homeopatia), método responsável por administrar ao paciente a substância (medicamento) que, quando ingeridas por pessoas sadias, reproduz o mesmo sintoma de um doente.
Hahnemann, com medo das intoxicações medicamentosas comuns à época, trabalhou diluindo e dinamizando os medicamentos, por isso não há o risco de intoxicação ou efeitos colaterais. Os medicamentos homeopáticos podem ser produzidos a partir de plantas, minerais e até animais. No Brasil, este método terapêutico chegou em 1840, inserido pelo homeopata francês Benoit Mure.
Na veterinária, os benefícios também são inúmeros, pois os medicamentos não debilitam o animal e contribuem com o aumento da produtividade, sem deixar resíduos no organismo. Por conta disso, o Professor e Médico Veterinário Homeopata Dr. Claudio Martins Real, considerado o precursor da Homeopatia Veterinária no Brasil, desenvolveu a Homeopatia Populacional, uma inovação tecnológica que é fruto de mais de 40 anos de atividade profissional e de estudos.
A Homeopatia Populacional trata os animais de forma coletiva, como se fossem apenas um indivíduo. Dessa maneira, é possível medicar um rebanho inteiro sem toxidez, e ainda garantir o aumento na qualidade de toda a cadeia produtiva.
Mas a Homeopatia Veterinária vai muito além dos pastos e rebanhos, ela também pode ser utilizada nos pets. É possível realizar o tratamento de patologias como otites, intolerância alimentar, alergias, cálculos na bexiga e rins, distúrbios comportamentais, entre outros. Além disso, os medicamentos são facilmente administrados, pois podem ser colocados na água dos animais ou alimento, evitando assim, que o animal fique irritado.
Com o objetivo de restabelecer a saúde de seus pacientes, sem causar intoxicação e efeitos colaterais, os médicos veterinários utilizam a Homeopatia. Com esta terapêutica é possível proporcionar melhor qualidade de vida para os animais.
* Dra.Patrícia Martins de Rezende é Médica Veterinária e Assessora Técnica da Homeopet, linha de medicamentos homeopáticos da Real H para animais de estimação.

Patentes das drogas mais lucrativas começam a cair no país

 

As patentes que protegem os medicamentos biológicos de segunda geração -classe de remédios mais lucrativa hoje- estão começando a deixar de valer no Brasil, e a chance de produzir drogas similares a eles já movimenta a indústria farmacêutica.

Embora os biológicos correspondam a apenas 1% dos medicamentos do SUS, eles consomem 43% dos recursos destinados à compra de remédios. A estimativa do Ministério da Saúde é que, só neste ano, o gasto com eles chegue a R$ 4 bilhões.
São os remédios considerados de ponta para o tratamento de doenças como câncer, esclerose e artrite reumatoide. Mas criar versões "genéricas" deles é bem mais complexo do que fazer o mesmo com outras drogas.
Ocorre que esses fármacos são feitos com substâncias produzidas por células vivas. Eles têm moléculas muito mais longas e complexas do que os remédios comuns, feitos por processos químicos.
Por isso, embora seja viável desenvolver remédios com ação muito parecida, é praticamente impossível que uma farmacêutica diferente da que criou o produto chegue a algo exatamente igual.
Como não são rigorosamente idênticos, não podem ser chamados de genéricos, mas sim de biossimilares.
OS PRIMEIROS
Já há no mercado biossimilares de produção mais simples (de biológicos de primeira geração), como insulinas e heparinas. Mas o "filé mignon" da indústria, como os caros anticorpos monoclonoais, ainda está para chegar.
No país, as primeiras patentes de biológicos de segunda geração a perderem a validade foram as do etanercepte, para artrite, e do rituximabe, para linfoma não Hodgkin (câncer).
Devido ao longo, caro e complexo esquema de produção, muitas das empresas interessadas em vender versões dessas drogas têm apostado nas parcerias.
A Merck, em parceria com a sul-coreana Hanwha Chemical, está desenvolvendo um similar do etanercepte.
A primeira joint venture da indústria nacional no ramo foi a BioNovis, que reúne Aché, EMS, Hypermarcas e União Química, e também deve apostar inicialmente nos dois medicamentos com patente expirada em 2012.
Mesmo com tanta gente de olho nesse mercado, para o presidente da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), que reúne fabricantes de 80% dos medicamentos de referência no país, não há motivo para preocupação.
"A queda de patentes é como um ciclo de vida. Os medicamentos nascem e, depois de um tempo, as patentes morrem", diz Antônio Britto. "O importante é que se cumpra a regulamentação."
Os parâmetros para biossimilares de segunda geração ainda estão em discussão em todo o mundo, mas a OMS (Organização Mundial da Saúde) já estabeleceu os critérios básicos. A Europa é hoje a principal referência nesse tipo de legislação.
Desde 2005, e com uma atualização em 2010, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já têm parâmetros para os biofármacos.
"Nossa legislação é avançada, mas é incompleta", avalia Denizar Vianna, presidente do Clapbio (Centro Latino-Americano de Pesquisa em Biológicos).
Para ele, o ponto mais frágil é a questão dos testes clínicos, que precisam de regulamentação mais específica para mostrar que os biossimilares equivalem aos originais.
Tais testes, que avaliam a ação da droga em humanos antes da comercialização, são uma das fases mais caras da criação de um remédio, e teme-se que possam encarecer ou até inviabilizar a produção de alguns biossimilares.
Independentemente disso, especialistas afirmam que não se deve esperar uma redução no custo final dos medicamentos equivalente à que houve com a chegada dos genéricos, devido à complexidade da produção.

Fonte Folha Online

domingo, 11 de novembro de 2012

Excesso de medicação na infância preocupa especialistas



A medicalização da educação e da sociedade, processo que tem transformado em distúrbios passíveis de tratamento com terapias e medicamentos questões como emoções, sentimentos e comportamentos não aceitos socialmente, é o tema de palestra apresentada esta semana na Câmara Municipal de São Paulo. O evento, organizado pelo Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade para marcar o dia municipal dedicado a reflexões e debates sobre o tema, conta ainda com o lançamento das Recomendações de Práticas não Medicalizantes para Profissionais e Serviços de Educação e Saúde. Apesar do título, o guia elaborado por uma equipe multidisciplinar é útil também para orientar pais e demais pessoas interessadas no assunto.
Medicação
Na sociedade moderna, comprimidos são os preferidos para tratar todos os problemas, mesmo aqueles que o diálogo pode resolver
Distúrbios como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) têm sido cada vez mais diagnosticados no Brasil. Ao mesmo tempo, cresceu a prescrição de medicamentos como o metilfenidato, cujo nome comercial é Ritalina, muito usado nesses casos. O que preocupa diversos profissionais da saúde e da educação é que ainda não há estudos suficientes sobre os problemas causados pelo uso prolongado da droga. E também que a falta de diálogo entre crianças, adolescentes, seus familiares e educadores esteja sendo substituído justamente por medicamentos como esse.
O  psicólogo Ricardo Taveiros Brasil, do coletivo interinstitucional Queixa Escolar e integrante do grupo de trabalho Educação e Saúde do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, um dos responsáveis pela elaboração do guia, diz que um exemplo muito comum do fenômeno é a dificuldade que muitos pais e professores têm hoje em dia para educar as crianças. Em vez de irem à raiz dos problemas e suas explicações, passam logo a dizer que elas são portadoras de distúrbios de comportamento, de atenção, de aprendizado, de leitura e escrita “como se houvesse na realidade um distúrbio específico, neurológico, que comprometesse somente o aprendizado”, apontou. “No entanto, é preciso deixar bem claro que não estamos falando que isso acontece na Medicina como um todo e nem que somos contrários a toda forma de prescrição de medicamentos”, salientou. Os questionamentos contra a medicalização surgiram nos anos 1970 e 1980, com pesquisadores de diversas áreas, como filosofia, sociologia e até da própria medicina.
Outro exemplo é a confusão que tem sido feita entre tristeza, luto e depressão – que aliás vem sendo alardeada por setores da saúde mental e pela mídia como o ‘mal do século’. Conforme Ricardo, estão dando prazo para o sofrimento. Assim, o processo de luto de uma pessoa que perdeu um ente querido ou algo de muita importância é normal se durar 14 dias. A partir daí, se não melhorar, é depressão e é preciso entrar com medicação. ”Isso nos assusta. Do ponto de vista da Psicologia, o processo de luto é muito singular. Como estabelecer prazos para a elaboração do luto por uma pessoa querida que perdi?”, questionou. Ele menciona o livro O tempo e o cão – a atualidade das depressões, da psicanalista Maria Rita Kehl, ganhador do prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise, no qual a autora pensa a depressão como sintoma social, de uma sociedade que exige felicidade, alegria em tempo integral, artificial, com as pessoas divulgando em redes sociais uma vida feliz o tempo inteiro.
Segundo o psicólogo, por trás do movimento da medicalização estão forças da sociedade e sobretudo um movimento da indústria farmacêutica voltado para isso. Fato, conforme Ricardo, mostrado no filme O Jardineiro Fiel, dirigido por Fernando Meirelles, que denuncia manobras da indústria de medicamentos para aprovar pesquisas e lança-los no mercado conforme seus próprios interesses comerciais. “Só que com o avanço das pesquisas em todas as áreas, a medicalização mostra-se cada vez mais polêmica e questionada inclusive no próprio campo da medicina”, disse.
O profissional, que atende crianças e adolescentes com dificuldades específicas na escola, adverte pais e educadores para que, antes de rotular quaisquer dificuldades de aprendizagem com este ou aquele distúrbio, devem avaliar e refletir o contexto como um todo. “O que está acontecendo dentro da escola e no sistema educacional que está dificultando que a criança aprenda aquilo que tem que aprender?”, questionou. Para ele, é preciso também impor limites às crianças, ensinar, por exemplo, que não se pode fazer na casa da vovó tudo o que se quer fazer. “A criança precisa de limites. Afinal, que mundo é esse em que não sobra tempo para os pais estarem por mais tempo com os seus filhos? Que escola é essa que tem mais de 40 alunos por sala de aula, impedindo o professor de acompanhar o aluno mais de perto, de ter um contato mais próximo?”
Esse contexto desfavorável à educação e ao desenvolvimento psicológico de uma criança é, na análise de Ricardo, favorável aos processos de medicalização. “A partir do momento em que a criança toma um comprimidinho, fica parada, contida quimicamente, e não atrapalha mais. Só que esse ‘efeito terapêutico’, na verdade, é sinal da toxicidade do remédio. O melhor é que pais e professores reflitam mais sobre o que pode estar acontecendo, dialoguem e investiguem esse contexto, que é complexo, antes de encaminhar a criança para um profissional. Isso pode parecer mais complicado do que dar um remédio – aliás, tomar remédio é mais fácil; toma-se remédio para tudo. Em vez de fazer exercício e melhorar a alimentação, as pessoas tomam remédio para emagrecer”.
Para ele, do ponto de vista psicológico, essas drogas usadas exercem efeitos complexos e preocupantes, como ‘calar o sujeito’ – quando a criança que está ‘incomodando demais’ está, na verdade, querendo chamar a atenção, comunicar algo de muito sério, como medos, preocupações, desejos. “Nós precisamos primeiro ouvi-las, dar atenção e não calar a angústia, o sofrimento, com um comprimidinho”.
Do ponto de vista orgânico, segundo ele, há relatos de que o uso contínuo desses medicamentos tornam as crianças cada vez menos sensíveis para uma série de coisas. Exemplo é um bombom de chocolate, que não vai ter o mesmo efeito de prazer. “Então, se a gente pensar em um adolescente que fuma maconha e usa esses medicamentos, sua propensão a outras drogas é muito maior porque ele vai buscar outras formas de obter satisfação, prazer”, explicou.
Para Ricardo, a questão é grave, colocando em risco a saúde das crianças e transferindo para elas a responsabilidade de um sistema de educação cheio de problemas. “O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura que a criança tem direito à vida, à educação e saúde de qualidade. E esse direito pressupõe o direito de não tomar uma droga que pode levar a consequências graves. É por isso que temos que lutar.”

Excesso de medicação na infância preocupa especialistas


Excesso de medicação na infância preocupa especialistas

11/11/2012 14:41,  Por Redação, com RBA - de São Paulo
A medicalização da educação e da sociedade, processo que tem transformado em distúrbios passíveis de tratamento com terapias e medicamentos questões como emoções, sentimentos e comportamentos não aceitos socialmente, é o tema de palestra apresentada esta semana na Câmara Municipal de São Paulo. O evento, organizado pelo Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade para marcar o dia municipal dedicado a reflexões e debates sobre o tema, conta ainda com o lançamento das Recomendações de Práticas não Medicalizantes para Profissionais e Serviços de Educação e Saúde. Apesar do título, o guia elaborado por uma equipe multidisciplinar é útil também para orientar pais e demais pessoas interessadas no assunto.
Medicação
Na sociedade moderna, comprimidos são os preferidos para tratar todos os problemas, mesmo aqueles que o diálogo pode resolver
Distúrbios como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) têm sido cada vez mais diagnosticados no Brasil. Ao mesmo tempo, cresceu a prescrição de medicamentos como o metilfenidato, cujo nome comercial é Ritalina, muito usado nesses casos. O que preocupa diversos profissionais da saúde e da educação é que ainda não há estudos suficientes sobre os problemas causados pelo uso prolongado da droga. E também que a falta de diálogo entre crianças, adolescentes, seus familiares e educadores esteja sendo substituído justamente por medicamentos como esse.
O  psicólogo Ricardo Taveiros Brasil, do coletivo interinstitucional Queixa Escolar e integrante do grupo de trabalho Educação e Saúde do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, um dos responsáveis pela elaboração do guia, diz que um exemplo muito comum do fenômeno é a dificuldade que muitos pais e professores têm hoje em dia para educar as crianças. Em vez de irem à raiz dos problemas e suas explicações, passam logo a dizer que elas são portadoras de distúrbios de comportamento, de atenção, de aprendizado, de leitura e escrita “como se houvesse na realidade um distúrbio específico, neurológico, que comprometesse somente o aprendizado”, apontou. “No entanto, é preciso deixar bem claro que não estamos falando que isso acontece na Medicina como um todo e nem que somos contrários a toda forma de prescrição de medicamentos”, salientou. Os questionamentos contra a medicalização surgiram nos anos 1970 e 1980, com pesquisadores de diversas áreas, como filosofia, sociologia e até da própria medicina.
Outro exemplo é a confusão que tem sido feita entre tristeza, luto e depressão – que aliás vem sendo alardeada por setores da saúde mental e pela mídia como o ‘mal do século’. Conforme Ricardo, estão dando prazo para o sofrimento. Assim, o processo de luto de uma pessoa que perdeu um ente querido ou algo de muita importância é normal se durar 14 dias. A partir daí, se não melhorar, é depressão e é preciso entrar com medicação. ”Isso nos assusta. Do ponto de vista da Psicologia, o processo de luto é muito singular. Como estabelecer prazos para a elaboração do luto por uma pessoa querida que perdi?”, questionou. Ele menciona o livro O tempo e o cão – a atualidade das depressões, da psicanalista Maria Rita Kehl, ganhador do prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise, no qual a autora pensa a depressão como sintoma social, de uma sociedade que exige felicidade, alegria em tempo integral, artificial, com as pessoas divulgando em redes sociais uma vida feliz o tempo inteiro.
Segundo o psicólogo, por trás do movimento da medicalização estão forças da sociedade e sobretudo um movimento da indústria farmacêutica voltado para isso. Fato, conforme Ricardo, mostrado no filme O Jardineiro Fiel, dirigido por Fernando Meirelles, que denuncia manobras da indústria de medicamentos para aprovar pesquisas e lança-los no mercado conforme seus próprios interesses comerciais. “Só que com o avanço das pesquisas em todas as áreas, a medicalização mostra-se cada vez mais polêmica e questionada inclusive no próprio campo da medicina”, disse.
O profissional, que atende crianças e adolescentes com dificuldades específicas na escola, adverte pais e educadores para que, antes de rotular quaisquer dificuldades de aprendizagem com este ou aquele distúrbio, devem avaliar e refletir o contexto como um todo. “O que está acontecendo dentro da escola e no sistema educacional que está dificultando que a criança aprenda aquilo que tem que aprender?”, questionou. Para ele, é preciso também impor limites às crianças, ensinar, por exemplo, que não se pode fazer na casa da vovó tudo o que se quer fazer. “A criança precisa de limites. Afinal, que mundo é esse em que não sobra tempo para os pais estarem por mais tempo com os seus filhos? Que escola é essa que tem mais de 40 alunos por sala de aula, impedindo o professor de acompanhar o aluno mais de perto, de ter um contato mais próximo?”
Esse contexto desfavorável à educação e ao desenvolvimento psicológico de uma criança é, na análise de Ricardo, favorável aos processos de medicalização. “A partir do momento em que a criança toma um comprimidinho, fica parada, contida quimicamente, e não atrapalha mais. Só que esse ‘efeito terapêutico’, na verdade, é sinal da toxicidade do remédio. O melhor é que pais e professores reflitam mais sobre o que pode estar acontecendo, dialoguem e investiguem esse contexto, que é complexo, antes de encaminhar a criança para um profissional. Isso pode parecer mais complicado do que dar um remédio – aliás, tomar remédio é mais fácil; toma-se remédio para tudo. Em vez de fazer exercício e melhorar a alimentação, as pessoas tomam remédio para emagrecer”.
Para ele, do ponto de vista psicológico, essas drogas usadas exercem efeitos complexos e preocupantes, como ‘calar o sujeito’ – quando a criança que está ‘incomodando demais’ está, na verdade, querendo chamar a atenção, comunicar algo de muito sério, como medos, preocupações, desejos. “Nós precisamos primeiro ouvi-las, dar atenção e não calar a angústia, o sofrimento, com um comprimidinho”.
Do ponto de vista orgânico, segundo ele, há relatos de que o uso contínuo desses medicamentos tornam as crianças cada vez menos sensíveis para uma série de coisas. Exemplo é um bombom de chocolate, que não vai ter o mesmo efeito de prazer. “Então, se a gente pensar em um adolescente que fuma maconha e usa esses medicamentos, sua propensão a outras drogas é muito maior porque ele vai buscar outras formas de obter satisfação, prazer”, explicou.
Para Ricardo, a questão é grave, colocando em risco a saúde das crianças e transferindo para elas a responsabilidade de um sistema de educação cheio de problemas. “O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura que a criança tem direito à vida, à educação e saúde de qualidade. E esse direito pressupõe o direito de não tomar uma droga que pode levar a consequências graves. É por isso que temos que lutar.”

Excesso de medicação na infância preocupa especialistas


Excesso de medicação na infância preocupa especialistas

11/11/2012 14:41,  Por Redação, com RBA - de São Paulo
A medicalização da educação e da sociedade, processo que tem transformado em distúrbios passíveis de tratamento com terapias e medicamentos questões como emoções, sentimentos e comportamentos não aceitos socialmente, é o tema de palestra apresentada esta semana na Câmara Municipal de São Paulo. O evento, organizado pelo Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade para marcar o dia municipal dedicado a reflexões e debates sobre o tema, conta ainda com o lançamento das Recomendações de Práticas não Medicalizantes para Profissionais e Serviços de Educação e Saúde. Apesar do título, o guia elaborado por uma equipe multidisciplinar é útil também para orientar pais e demais pessoas interessadas no assunto.
Medicação
Na sociedade moderna, comprimidos são os preferidos para tratar todos os problemas, mesmo aqueles que o diálogo pode resolver
Distúrbios como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) têm sido cada vez mais diagnosticados no Brasil. Ao mesmo tempo, cresceu a prescrição de medicamentos como o metilfenidato, cujo nome comercial é Ritalina, muito usado nesses casos. O que preocupa diversos profissionais da saúde e da educação é que ainda não há estudos suficientes sobre os problemas causados pelo uso prolongado da droga. E também que a falta de diálogo entre crianças, adolescentes, seus familiares e educadores esteja sendo substituído justamente por medicamentos como esse.
O  psicólogo Ricardo Taveiros Brasil, do coletivo interinstitucional Queixa Escolar e integrante do grupo de trabalho Educação e Saúde do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, um dos responsáveis pela elaboração do guia, diz que um exemplo muito comum do fenômeno é a dificuldade que muitos pais e professores têm hoje em dia para educar as crianças. Em vez de irem à raiz dos problemas e suas explicações, passam logo a dizer que elas são portadoras de distúrbios de comportamento, de atenção, de aprendizado, de leitura e escrita “como se houvesse na realidade um distúrbio específico, neurológico, que comprometesse somente o aprendizado”, apontou. “No entanto, é preciso deixar bem claro que não estamos falando que isso acontece na Medicina como um todo e nem que somos contrários a toda forma de prescrição de medicamentos”, salientou. Os questionamentos contra a medicalização surgiram nos anos 1970 e 1980, com pesquisadores de diversas áreas, como filosofia, sociologia e até da própria medicina.
Outro exemplo é a confusão que tem sido feita entre tristeza, luto e depressão – que aliás vem sendo alardeada por setores da saúde mental e pela mídia como o ‘mal do século’. Conforme Ricardo, estão dando prazo para o sofrimento. Assim, o processo de luto de uma pessoa que perdeu um ente querido ou algo de muita importância é normal se durar 14 dias. A partir daí, se não melhorar, é depressão e é preciso entrar com medicação. ”Isso nos assusta. Do ponto de vista da Psicologia, o processo de luto é muito singular. Como estabelecer prazos para a elaboração do luto por uma pessoa querida que perdi?”, questionou. Ele menciona o livro O tempo e o cão – a atualidade das depressões, da psicanalista Maria Rita Kehl, ganhador do prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise, no qual a autora pensa a depressão como sintoma social, de uma sociedade que exige felicidade, alegria em tempo integral, artificial, com as pessoas divulgando em redes sociais uma vida feliz o tempo inteiro.
Segundo o psicólogo, por trás do movimento da medicalização estão forças da sociedade e sobretudo um movimento da indústria farmacêutica voltado para isso. Fato, conforme Ricardo, mostrado no filme O Jardineiro Fiel, dirigido por Fernando Meirelles, que denuncia manobras da indústria de medicamentos para aprovar pesquisas e lança-los no mercado conforme seus próprios interesses comerciais. “Só que com o avanço das pesquisas em todas as áreas, a medicalização mostra-se cada vez mais polêmica e questionada inclusive no próprio campo da medicina”, disse.
O profissional, que atende crianças e adolescentes com dificuldades específicas na escola, adverte pais e educadores para que, antes de rotular quaisquer dificuldades de aprendizagem com este ou aquele distúrbio, devem avaliar e refletir o contexto como um todo. “O que está acontecendo dentro da escola e no sistema educacional que está dificultando que a criança aprenda aquilo que tem que aprender?”, questionou. Para ele, é preciso também impor limites às crianças, ensinar, por exemplo, que não se pode fazer na casa da vovó tudo o que se quer fazer. “A criança precisa de limites. Afinal, que mundo é esse em que não sobra tempo para os pais estarem por mais tempo com os seus filhos? Que escola é essa que tem mais de 40 alunos por sala de aula, impedindo o professor de acompanhar o aluno mais de perto, de ter um contato mais próximo?”
Esse contexto desfavorável à educação e ao desenvolvimento psicológico de uma criança é, na análise de Ricardo, favorável aos processos de medicalização. “A partir do momento em que a criança toma um comprimidinho, fica parada, contida quimicamente, e não atrapalha mais. Só que esse ‘efeito terapêutico’, na verdade, é sinal da toxicidade do remédio. O melhor é que pais e professores reflitam mais sobre o que pode estar acontecendo, dialoguem e investiguem esse contexto, que é complexo, antes de encaminhar a criança para um profissional. Isso pode parecer mais complicado do que dar um remédio – aliás, tomar remédio é mais fácil; toma-se remédio para tudo. Em vez de fazer exercício e melhorar a alimentação, as pessoas tomam remédio para emagrecer”.
Para ele, do ponto de vista psicológico, essas drogas usadas exercem efeitos complexos e preocupantes, como ‘calar o sujeito’ – quando a criança que está ‘incomodando demais’ está, na verdade, querendo chamar a atenção, comunicar algo de muito sério, como medos, preocupações, desejos. “Nós precisamos primeiro ouvi-las, dar atenção e não calar a angústia, o sofrimento, com um comprimidinho”.
Do ponto de vista orgânico, segundo ele, há relatos de que o uso contínuo desses medicamentos tornam as crianças cada vez menos sensíveis para uma série de coisas. Exemplo é um bombom de chocolate, que não vai ter o mesmo efeito de prazer. “Então, se a gente pensar em um adolescente que fuma maconha e usa esses medicamentos, sua propensão a outras drogas é muito maior porque ele vai buscar outras formas de obter satisfação, prazer”, explicou.
Para Ricardo, a questão é grave, colocando em risco a saúde das crianças e transferindo para elas a responsabilidade de um sistema de educação cheio de problemas. “O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura que a criança tem direito à vida, à educação e saúde de qualidade. E esse direito pressupõe o direito de não tomar uma droga que pode levar a consequências graves. É por isso que temos que lutar.”

Excesso de medicação na infância preocupa especialistas


Excesso de medicação na infância preocupa especialistas

11/11/2012 14:41,  Por Redação, com RBA - de São Paulo
A medicalização da educação e da sociedade, processo que tem transformado em distúrbios passíveis de tratamento com terapias e medicamentos questões como emoções, sentimentos e comportamentos não aceitos socialmente, é o tema de palestra apresentada esta semana na Câmara Municipal de São Paulo. O evento, organizado pelo Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade para marcar o dia municipal dedicado a reflexões e debates sobre o tema, conta ainda com o lançamento das Recomendações de Práticas não Medicalizantes para Profissionais e Serviços de Educação e Saúde. Apesar do título, o guia elaborado por uma equipe multidisciplinar é útil também para orientar pais e demais pessoas interessadas no assunto.
Medicação
Na sociedade moderna, comprimidos são os preferidos para tratar todos os problemas, mesmo aqueles que o diálogo pode resolver
Distúrbios como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) têm sido cada vez mais diagnosticados no Brasil. Ao mesmo tempo, cresceu a prescrição de medicamentos como o metilfenidato, cujo nome comercial é Ritalina, muito usado nesses casos. O que preocupa diversos profissionais da saúde e da educação é que ainda não há estudos suficientes sobre os problemas causados pelo uso prolongado da droga. E também que a falta de diálogo entre crianças, adolescentes, seus familiares e educadores esteja sendo substituído justamente por medicamentos como esse.
O  psicólogo Ricardo Taveiros Brasil, do coletivo interinstitucional Queixa Escolar e integrante do grupo de trabalho Educação e Saúde do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, um dos responsáveis pela elaboração do guia, diz que um exemplo muito comum do fenômeno é a dificuldade que muitos pais e professores têm hoje em dia para educar as crianças. Em vez de irem à raiz dos problemas e suas explicações, passam logo a dizer que elas são portadoras de distúrbios de comportamento, de atenção, de aprendizado, de leitura e escrita “como se houvesse na realidade um distúrbio específico, neurológico, que comprometesse somente o aprendizado”, apontou. “No entanto, é preciso deixar bem claro que não estamos falando que isso acontece na Medicina como um todo e nem que somos contrários a toda forma de prescrição de medicamentos”, salientou. Os questionamentos contra a medicalização surgiram nos anos 1970 e 1980, com pesquisadores de diversas áreas, como filosofia, sociologia e até da própria medicina.
Outro exemplo é a confusão que tem sido feita entre tristeza, luto e depressão – que aliás vem sendo alardeada por setores da saúde mental e pela mídia como o ‘mal do século’. Conforme Ricardo, estão dando prazo para o sofrimento. Assim, o processo de luto de uma pessoa que perdeu um ente querido ou algo de muita importância é normal se durar 14 dias. A partir daí, se não melhorar, é depressão e é preciso entrar com medicação. ”Isso nos assusta. Do ponto de vista da Psicologia, o processo de luto é muito singular. Como estabelecer prazos para a elaboração do luto por uma pessoa querida que perdi?”, questionou. Ele menciona o livro O tempo e o cão – a atualidade das depressões, da psicanalista Maria Rita Kehl, ganhador do prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise, no qual a autora pensa a depressão como sintoma social, de uma sociedade que exige felicidade, alegria em tempo integral, artificial, com as pessoas divulgando em redes sociais uma vida feliz o tempo inteiro.
Segundo o psicólogo, por trás do movimento da medicalização estão forças da sociedade e sobretudo um movimento da indústria farmacêutica voltado para isso. Fato, conforme Ricardo, mostrado no filme O Jardineiro Fiel, dirigido por Fernando Meirelles, que denuncia manobras da indústria de medicamentos para aprovar pesquisas e lança-los no mercado conforme seus próprios interesses comerciais. “Só que com o avanço das pesquisas em todas as áreas, a medicalização mostra-se cada vez mais polêmica e questionada inclusive no próprio campo da medicina”, disse.
O profissional, que atende crianças e adolescentes com dificuldades específicas na escola, adverte pais e educadores para que, antes de rotular quaisquer dificuldades de aprendizagem com este ou aquele distúrbio, devem avaliar e refletir o contexto como um todo. “O que está acontecendo dentro da escola e no sistema educacional que está dificultando que a criança aprenda aquilo que tem que aprender?”, questionou. Para ele, é preciso também impor limites às crianças, ensinar, por exemplo, que não se pode fazer na casa da vovó tudo o que se quer fazer. “A criança precisa de limites. Afinal, que mundo é esse em que não sobra tempo para os pais estarem por mais tempo com os seus filhos? Que escola é essa que tem mais de 40 alunos por sala de aula, impedindo o professor de acompanhar o aluno mais de perto, de ter um contato mais próximo?”
Esse contexto desfavorável à educação e ao desenvolvimento psicológico de uma criança é, na análise de Ricardo, favorável aos processos de medicalização. “A partir do momento em que a criança toma um comprimidinho, fica parada, contida quimicamente, e não atrapalha mais. Só que esse ‘efeito terapêutico’, na verdade, é sinal da toxicidade do remédio. O melhor é que pais e professores reflitam mais sobre o que pode estar acontecendo, dialoguem e investiguem esse contexto, que é complexo, antes de encaminhar a criança para um profissional. Isso pode parecer mais complicado do que dar um remédio – aliás, tomar remédio é mais fácil; toma-se remédio para tudo. Em vez de fazer exercício e melhorar a alimentação, as pessoas tomam remédio para emagrecer”.
Para ele, do ponto de vista psicológico, essas drogas usadas exercem efeitos complexos e preocupantes, como ‘calar o sujeito’ – quando a criança que está ‘incomodando demais’ está, na verdade, querendo chamar a atenção, comunicar algo de muito sério, como medos, preocupações, desejos. “Nós precisamos primeiro ouvi-las, dar atenção e não calar a angústia, o sofrimento, com um comprimidinho”.
Do ponto de vista orgânico, segundo ele, há relatos de que o uso contínuo desses medicamentos tornam as crianças cada vez menos sensíveis para uma série de coisas. Exemplo é um bombom de chocolate, que não vai ter o mesmo efeito de prazer. “Então, se a gente pensar em um adolescente que fuma maconha e usa esses medicamentos, sua propensão a outras drogas é muito maior porque ele vai buscar outras formas de obter satisfação, prazer”, explicou.
Para Ricardo, a questão é grave, colocando em risco a saúde das crianças e transferindo para elas a responsabilidade de um sistema de educação cheio de problemas. “O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura que a criança tem direito à vida, à educação e saúde de qualidade. E esse direito pressupõe o direito de não tomar uma droga que pode levar a consequências graves. É por isso que temos que lutar.”

Excesso de medicação na infância preocupa especialistas


Excesso de medicação na infância preocupa especialistas

11/11/2012 14:41,  Por Redação, com RBA - de São Paulo
A medicalização da educação e da sociedade, processo que tem transformado em distúrbios passíveis de tratamento com terapias e medicamentos questões como emoções, sentimentos e comportamentos não aceitos socialmente, é o tema de palestra apresentada esta semana na Câmara Municipal de São Paulo. O evento, organizado pelo Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade para marcar o dia municipal dedicado a reflexões e debates sobre o tema, conta ainda com o lançamento das Recomendações de Práticas não Medicalizantes para Profissionais e Serviços de Educação e Saúde. Apesar do título, o guia elaborado por uma equipe multidisciplinar é útil também para orientar pais e demais pessoas interessadas no assunto.
Medicação
Na sociedade moderna, comprimidos são os preferidos para tratar todos os problemas, mesmo aqueles que o diálogo pode resolver
Distúrbios como o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) têm sido cada vez mais diagnosticados no Brasil. Ao mesmo tempo, cresceu a prescrição de medicamentos como o metilfenidato, cujo nome comercial é Ritalina, muito usado nesses casos. O que preocupa diversos profissionais da saúde e da educação é que ainda não há estudos suficientes sobre os problemas causados pelo uso prolongado da droga. E também que a falta de diálogo entre crianças, adolescentes, seus familiares e educadores esteja sendo substituído justamente por medicamentos como esse.
O  psicólogo Ricardo Taveiros Brasil, do coletivo interinstitucional Queixa Escolar e integrante do grupo de trabalho Educação e Saúde do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, um dos responsáveis pela elaboração do guia, diz que um exemplo muito comum do fenômeno é a dificuldade que muitos pais e professores têm hoje em dia para educar as crianças. Em vez de irem à raiz dos problemas e suas explicações, passam logo a dizer que elas são portadoras de distúrbios de comportamento, de atenção, de aprendizado, de leitura e escrita “como se houvesse na realidade um distúrbio específico, neurológico, que comprometesse somente o aprendizado”, apontou. “No entanto, é preciso deixar bem claro que não estamos falando que isso acontece na Medicina como um todo e nem que somos contrários a toda forma de prescrição de medicamentos”, salientou. Os questionamentos contra a medicalização surgiram nos anos 1970 e 1980, com pesquisadores de diversas áreas, como filosofia, sociologia e até da própria medicina.
Outro exemplo é a confusão que tem sido feita entre tristeza, luto e depressão – que aliás vem sendo alardeada por setores da saúde mental e pela mídia como o ‘mal do século’. Conforme Ricardo, estão dando prazo para o sofrimento. Assim, o processo de luto de uma pessoa que perdeu um ente querido ou algo de muita importância é normal se durar 14 dias. A partir daí, se não melhorar, é depressão e é preciso entrar com medicação. ”Isso nos assusta. Do ponto de vista da Psicologia, o processo de luto é muito singular. Como estabelecer prazos para a elaboração do luto por uma pessoa querida que perdi?”, questionou. Ele menciona o livro O tempo e o cão – a atualidade das depressões, da psicanalista Maria Rita Kehl, ganhador do prêmio Jabuti 2010 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise, no qual a autora pensa a depressão como sintoma social, de uma sociedade que exige felicidade, alegria em tempo integral, artificial, com as pessoas divulgando em redes sociais uma vida feliz o tempo inteiro.
Segundo o psicólogo, por trás do movimento da medicalização estão forças da sociedade e sobretudo um movimento da indústria farmacêutica voltado para isso. Fato, conforme Ricardo, mostrado no filme O Jardineiro Fiel, dirigido por Fernando Meirelles, que denuncia manobras da indústria de medicamentos para aprovar pesquisas e lança-los no mercado conforme seus próprios interesses comerciais. “Só que com o avanço das pesquisas em todas as áreas, a medicalização mostra-se cada vez mais polêmica e questionada inclusive no próprio campo da medicina”, disse.
O profissional, que atende crianças e adolescentes com dificuldades específicas na escola, adverte pais e educadores para que, antes de rotular quaisquer dificuldades de aprendizagem com este ou aquele distúrbio, devem avaliar e refletir o contexto como um todo. “O que está acontecendo dentro da escola e no sistema educacional que está dificultando que a criança aprenda aquilo que tem que aprender?”, questionou. Para ele, é preciso também impor limites às crianças, ensinar, por exemplo, que não se pode fazer na casa da vovó tudo o que se quer fazer. “A criança precisa de limites. Afinal, que mundo é esse em que não sobra tempo para os pais estarem por mais tempo com os seus filhos? Que escola é essa que tem mais de 40 alunos por sala de aula, impedindo o professor de acompanhar o aluno mais de perto, de ter um contato mais próximo?”
Esse contexto desfavorável à educação e ao desenvolvimento psicológico de uma criança é, na análise de Ricardo, favorável aos processos de medicalização. “A partir do momento em que a criança toma um comprimidinho, fica parada, contida quimicamente, e não atrapalha mais. Só que esse ‘efeito terapêutico’, na verdade, é sinal da toxicidade do remédio. O melhor é que pais e professores reflitam mais sobre o que pode estar acontecendo, dialoguem e investiguem esse contexto, que é complexo, antes de encaminhar a criança para um profissional. Isso pode parecer mais complicado do que dar um remédio – aliás, tomar remédio é mais fácil; toma-se remédio para tudo. Em vez de fazer exercício e melhorar a alimentação, as pessoas tomam remédio para emagrecer”.
Para ele, do ponto de vista psicológico, essas drogas usadas exercem efeitos complexos e preocupantes, como ‘calar o sujeito’ – quando a criança que está ‘incomodando demais’ está, na verdade, querendo chamar a atenção, comunicar algo de muito sério, como medos, preocupações, desejos. “Nós precisamos primeiro ouvi-las, dar atenção e não calar a angústia, o sofrimento, com um comprimidinho”.
Do ponto de vista orgânico, segundo ele, há relatos de que o uso contínuo desses medicamentos tornam as crianças cada vez menos sensíveis para uma série de coisas. Exemplo é um bombom de chocolate, que não vai ter o mesmo efeito de prazer. “Então, se a gente pensar em um adolescente que fuma maconha e usa esses medicamentos, sua propensão a outras drogas é muito maior porque ele vai buscar outras formas de obter satisfação, prazer”, explicou.
Para Ricardo, a questão é grave, colocando em risco a saúde das crianças e transferindo para elas a responsabilidade de um sistema de educação cheio de problemas. “O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura que a criança tem direito à vida, à educação e saúde de qualidade. E esse direito pressupõe o direito de não tomar uma droga que pode levar a consequências graves. É por isso que temos que lutar.”

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Nordeste já é o 2º maior mercado consumidor de medicamentos no Brasil



Nesse cenário, associados da Abradilan já ocupam 20% do mercado em unidades vendidas de medicamentos no Nordeste.
A região Nordeste é atualmente a terceira economia do Brasil. Apesar de ter a menor renda per capita, a região sai à frente quando falamos do mercado de medicamentos. Segundo o Painel Abradilan com dados cedidos pela IMS Health, a região Sudeste vem em primeiro lugar com 53% no consumo de medicamentos, seguidos pela região Nordeste com 17,30% e em seguida estão as região Sul com 17,20%, Centro-Oeste com 8,20% e Norte com 5,40%.
Os associados da Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan) acompanharam este aquecimento no Nordeste e segundo dados do Painel Abradilan/IMS, atualmente, já detém 20% do mercado em unidades vendidas de medicamentos na região. Em relação aos genéricos, os associados também ocupam uma grande fatia e já representam 29% das unidades vendidas no Nordeste. Para o diretor executivo da entidade, Geraldo Monteiro, “o crescimento do consumo nesta região deve-se às melhores oportunidades de emprego, possibilitando um aumento na renda da população. Mediante a este fato, a população do Nordeste passou a ter mais possibilidade de acesso às consultas médicas e consequentemente passou a cuidar mais da saúde”, afirma. < /span>
Distribuição de medicamentos realizada pela Abradilan-Atualmente, os associados da Abradilan estão presentes em 82% das cidades do Brasil, realizando a distribuição de medicamentos em 77% das 71,8 mil farmácias e drogarias no país. Hoje atendem 82% deste mercado na região Sudeste, 83% na região Centro-Oeste, 80% da região Nordeste e 34% na região Norte.
Economia no nordeste - A região Nordeste, que é composta por nove estados, entre eles, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe é atualmente a terceira maior economia do país entre as grandes regiões. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrados em 2009, a participação no PIB (Produto Interno Bruto) foi de 13,5%, só ficando atrás da região Sul que registrou 16,5% e a frente das regiões Centro-Oeste com 9,6% e região Norte com 5%. Embora a região Nordeste seja a terceira força da economia, ainda é considerada a região de menor renda per capita (soma dos salários da população dividido pelo número de habitantes) do Brasil. Dados do IBGE registraram que o PIB PER capital do Nordeste foi de pouco mais de R$8 mil, enquanto no Norte foi cerca de R$10 mil, na região Sul R$19 mil e Sudeste e Centro-Oeste na média dos R$22 mil.
Renda mensal - Segundo uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), cedida pelo IBGE, em 2011 a renda mensal do trabalhador brasileiro foi de R$1.345,00, enquanto na região Nordeste foi de R$ 910,00, na região Sudeste R$1.522,00, na região Sul R$1.461,00, na região Centro-Oeste R$1.645,00 e na região Norte R1.100,00.
Abradilan (www.abradilan.com.br)-Constituída em 1998, a Abradilan – Associação Brasileira dos Distribuidores dos Laboratórios Nacionais – é formada por empresas distribuidoras de medicamentos, produtos para a saúde, artigos de higiene pessoal e cosméticos no mercado brasileiro. Com 120 associados, tem como missão contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento do mercado e de seus associados, promovendo a melhoria continua e eficaz de seus serviços. A entidade realiza todos os anos a Abradilan Farma & HPC, única feira nacional do setor com representantes de indústrias de todos os estados brasileiros. Em 2012, a 8ª edição do evento ocorreu em São Paulo, entre os dias 21 e 23 de março, com 220 marcas expostas. O evento atraiu cerca de 18 mil visitantes.

SUS oferece fitoterápicos como alternativa de tratamento


ASSISTÊNCIA


Atualmente, 12 medicamentos fitoterápicos são disponibilizados na rede pública de saúde para dores, inflamações, disfunções e outras doenças de baixa gravidade
Os benefícios das plantas medicinais e de medicamentos fitoterápicos são reconhecidos em todo o mundo como elementos importantes na prevenção, promoção e recuperação da saúde. Para ampliar o acesso a esses medicamentos, o Ministério da Saúde disponibiliza a utilização de fitoterápicos na rede pública. Atualmente, 12 medicamentos são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde. Entre eles, estão a Aloe vera (Babosa) para o tratamento de psoríase e queimaduras, o Salix Alba (Salgueiro) contra dores lombares e a Rhamnus purshiana(Cáscara-sagrada) para prisão de ventre.
Financiados com recursos da União, estados e municípios, os medicamentos podem ser manipulados ou industrializados, e devem possuir registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os produtos são oferecidos em 14 estados: Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal.
São medicamentos que desempenham um papel importante em cuidados contra dores, inflamações, disfunções e outros incômodos, ampliando as alternativas de tratamento seguras e eficazes pelo SUS. Indicado para o alívio sintomático de doenças de baixa gravidade e por curtos períodos de tempo, os fitoterápicos podem ser produzidos a partir de plantas frescas ou secas e de seus derivados que ganham diferentes formas farmacêuticas, como xaropes, soluções, comprimidos, pomadas, géis e cremes.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, explica que os investimentos em pesquisas para a produção de medicamentos, a partir da flora brasileira, contribuem para o acesso da população e o seu uso racional. “O desenvolvimento dos fitoterápicos no Brasil incorpora as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental, numa mesma iniciativa”, observa.
Como todo medicamento, o fitoterápico deve ser utilizado conforme orientação médica. Para ter acesso, o usuário tem que procurar um profissional – médico legalmente habilitado em prescrever fitoterápicos – em uma das unidades básicas de saúde dos 14 estados que disponibilizam esses medicamentos. Nessas unidades, o cidadão pode receber atendimento médico gratuito. Com um documento de identificação pessoal e a receita atualizada em mãos, o paciente pode retirar o medicamento em uma das farmácias dessas unidades básicas.
FITOTERÁPICOS NO SUS - A promoção do acesso aos medicamentos fitoterápicos teve início em 2007, com a disponibilização pelas secretarias estaduais e municipais de saúde da Maytenus ilicifolia (Espinheira-santa), utilizada no tratamento de úlceras e gastrites, e da Mikania glomerata (Guaco), indicada para os sintomas da gripe. Em 2008, o Governo Federal aprovou o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. O programa tem como objetivo garantir à população o acesso seguro e o uso racional a plantas medicinais e aos fitoterápicos.
São diretrizes do programa a promoção da pesquisa, desenvolvimento e inovação; a regulamentação e produção de fitoterápicos e insumos à base de plantas medicinais e o cultivo e manejo dessas plantas. Também integram essas diretrizes a distribuição pelo SUS; a comercialização pelo setor privado; a capacitação de recursos humanos e a orientação aos usuários. A iniciativa, além de melhorar o acesso da população a tratamentos integrativos e complementares - seguros e eficazes - promove o uso sustentável da biodiversidade brasileira, o fortalecimento da agricultura familiar e o desenvolvimento tecnológico e industrial da saúde.
Este ano, o programa ganhou reforço com o repasse pelo Ministério da Saúde de R$ 6,7 milhões a 12 municípios em sete estados, para apoiar o projeto Arranjos Produtivos Locais de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no SUS. O montante visa o investimento na aquisição de equipamentos e materiais, contratação de pessoal e qualificação técnica para promover a interação e a cooperação entre os agentes produtivos, o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva, a produção e a distribuição de plantas medicinais e fitoterápicos no SUS.
RELAÇÃO DE FITOTERÁPICOS OFERTADOS NO SUS
Nome popular
Nome científico
Indicação
Espinheira-santa
Maytenus ilicifolia
Auxilia no tratamento de gastrite e úlcera duodenal e sintomas de dispepsias
Guaco
Mikania glomerata
Apresenta ação expectorante e broncodilatadora
Alcachofra
Cynara scolymus
Tratamento dos sintomas de dispepsia funcional (síndrome do desconforto
pós-prandial) e de hipercolesterolemia leve a moderada. Apresenta ação colagoga e colerética 
Aroeira
Schinus terebenthifolius
Apresenta ação cicatrizante, antiinflamatória e anti-séptica tópica, para uso ginecológico
Cáscara-sagrada
Rhamnus purshiana
Auxilia nos casos de obstipação intestinal eventual
Garra-do-diabo
Harpagophytum procumbens
Tratamento da dor lombar baixa aguda e como coadjuvante nos casos de osteoartrite. Apresenta ação anti-inflamatória
Isoflavona-de-soja
Glycine max
Auxilia no alívio dos sintomas do climatério
Unha-de-gato
Uncaria tomentosa
Auxilia nos casos de artrites e osteoartrite. Apresenta ação antiinflamatória e imunomoduladora
Hortelã
Mentha x piperita
Tratamento da síndrome do cólon irritável. Apresenta ação antiflatulenta e
Antiespasmódica
Babosa
Aloe vera
Tratamento tópico de queimaduras de 1º e 2º graus e como coadjuvante
nos casos de Psoríase vulgaris
Salgueiro
Salix alba
Tratamento de dor lombar baixa aguda. Apresenta ação antiinflamatória
Plantago
Plantago ovata Forssk
Auxilia nos casos de obstipação intestinal habitual. Tratamento da síndrome do cólon irritável

Por Tatiana Alarcon, da Agência Saúde, ASCOM/MS