quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

De tudo para todos: os almanaques de farmácia

Presentes desde o final do século XIX e de grande abrangência no território nacional, tais almanaques além de entretenimento
Muito mais do que catálogos de amostra de remédios, os chamados ‘almanaques de farmácia’ foi um item quase que imprescindível nos lares urbanos e rurais de todo o país. Presentes desde o final do século XIX e de grande abrangência no território nacional, tais almanaques além de assumir função de entretenimento, inseria na população novos e diferenciados hábitos de cuidado e higiene com o corpo. Reunindo discurso publicitário, demonstrações da atuação dos medicamentos, depoimentos após a utilização do produto com fotos de ante e depois e imagens de encher os olhos, esses livretos de fácil manuseio, foram auxiliares na inserção e representação de novos padrões, tanto de beleza bem como de comportamento.


Reafirmando a eficácia dos produtos, algumas das principais estrelas da música da época foram ‘garotas propaganda’. Emilinha Borba e Carmélia Alves fizeram publicidade e deram seus depoimentos da maravilha que seus cabelos ficaram após a utilização do “Óleo de ovo”. Produtos como o tônico Capivarol, depurativo Luetyl para tratar a sífilis, as pastilhas Laxativas sagradas, o auxiliar para digestão Pandigestivo, xarope para tosse Bromil dentre outros, vinham de encontro com a necessidade de adquirir tal medicamento para tratar preservar e melhorar a saúde de homens, mulheres e crianças. A resposta da total eficiência dos remédios ficava por conta dos depoimento, os quais eram enviados pelos clientes diretamente para os laboratórios responsáveis pelos milagrosos medicamentos (fig.01). Possivelmente impressionados com o depoimento do usuário do produto, o leitor poderia averiguar através de fotos com o antes e depois, a real mudança ocorrida na vida de tal consumidor (fig.2).

Para a clientela feminina de qualquer idade ou classe social, estes almanaques ofereciam o produto certo para qualquer problema de saúde, como é o caso do famoso “...regulador, tônico, descongestionante, e anti-doloroso...”, A saúde da mulher(fig.03). E para a mulher mãe e dona de casa, é possível encontrar atividades recreativas para entreter e divertir as crianças, além de receitas de bolos, carnes, bem como cuidados com plantas e com a casa.

Enfim, mais do que publicidade de medicamentos, esses ‘almanaques de farmácia’ ocuparam um lugar de destaque na residência dos brasileiros, já que muitas vezes, na falta de outro material para leitura, eram estes que cumpriam tal papel. Dessa forma serviam como entretenimento e também como um manual pedagógico, pois inseriu novas palavras e conhecimentos a respeito de causas e curas de doenças no cotidiano de todos os cidadãos, através de textos de fácil assimilação e imagens que representavam a sociedade em constante modificação.
 
Jornal da Manha

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Medicamentos terão que obedecer a novas regras para SUS

Produtos só poderão seguir para a rede pública após registro

 Uma norma publicada nesta semana estabelece que a entrada de novos medicamentos no SUS obedeça a alguns critérios, como eficácia, segurança e custo. Além disso, os produtos só poderão seguir para a rede pública após serem registrados na Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Além de aumentar a segurança, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ressalta que o País vêm adotando uma série de medidas também para baratear os preços dos medicamentos:
"Nós estamos conquistando a possibilidade de o Brasil garantir para a população brasileira medicamentos com preços mais baixos, para que a gente possa ampliar o acesso da população a esses medicamentos e para as instituições de pesquisa e para a indústria privada do Brasil poder produzir esses medicamentos no Brasil. Incorporando tecnologia do nosso País e fazendo com que o Brasil seja um pólo de produção de medicamentos novos para câncer e para diabetes", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A inclusão dos tratamentos será decidida pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, da Agência Nacional de Saúde Suplementar e da Anvisa, além de um integrante indicado pelo Conselho Nacional de Saúde e um pelo Conselho Federal de Medicina. O prazo para avaliar a entrada de novos produtos no SUS vai ser de 180 dias. Após este prazo, poderá haver uma prorrogação por mais 90 dias, caso ainda haja alguma pendência na análise do processo.



Ambulantes vendem medicamentos proibidos em feira livre

Proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os fármacos Cytotec e Pramil, um abortivo e um estimulante sexual, respectivamente, são vendidos à luz do dia na Feira de São Joaquim, à revelia dos órgãos de fiscalização. Na última quarta-feira, 21, A TARDE adquiriu uma cartela de cada produto, a um custo total de R$ 120.Dissimuladamente, os vendedores desafiam a presença de soldados da Polícia Militar e de fiscais da prefeitura, oferecendo os medicamentos a qualquer frequentador da feira. No caso do Pramil, de mais fácil acesso, os clientes são homens querendo melhorar o desempenho sexual. Os preços dos comprimidos desse produto variam de R$ 3 (a unidade) até R$ 10, uma cartela com quatro unidades. A TARDE comprou oito comprimidos por R$ 20, a um preço de R$ 2,50 cada. A venda ilegal do Cytotec é mais sigilosa. Questionados pela reportagem sobre a disponibilidade do abortivo – cientes do poder destrutivo do medicamento –, os três vendedores interpelados individualmente procuraram se distanciar do público, buscando conversa reservada. “A gente consegue”, disse um deles, ao informar o valor de R$ 30, a unidade do comprimido. A sugestão dos vendedores para garantir eficácia no uso do medicamento é de que sejam adquiridas, pelo menos, quatro unidades.Um vendedor de aparentes 50 anos, cabelos longos, penteados no estilo rabo de cavalo, informou que o valor do comprimido oscila de acordo com a “lei da oferta e da procura”, como numa espécie de cartel. “Quando as vendas estão boas, o preço cai”, respondeu, sem informar sobre o desempenho das vendas. Com ele, A TARDE obteve quatro comprimidos de Cytotec falsificado, que, após ‘pechincha’ da reportagem, custaram R$ 25, cada, totalizando um gasto de R$ 100.Saúde pública - O estudo Aborto e Saúde Pública – 20 anos de pesquisa no Brasil, do Ministério da Saúde, publicado em 2008, revela que o misoprostol (princípio ativo do Cytotec) entrou no Brasil em 1986, para tratamento de úlcera gástrica, e até 1991 era vendido ao público em farmácias.Em 2005, o registro do Cytotec foi definitivamente cancelado pela Anvisa. Hoje, apenas a medicação Prostokos, com o mesmo princípio ativo do Cytotec, é permitida nos hospitais para esvaziamento uterino por morte embrionária ou fetal e em caso de aborto previsto em lei.Não há estatísticas oficiais, no Estado e no País, de quantos abortos foram provocados pelo uso indevido de Cytotec. Mas estudos mostram que a automedicação da droga tem contribuído com os índices da mortalidade materna.O mais recente estudo detalhado sobre o tema no Estado, a pesquisa Dossiê: A realidade do aborto ilegal na Bahia, realizado em 2008 pelo Instituto Mulheres pela Atenção Integral à Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos (Imais), traz o aborto como a principal causa de mortalidade materna no Estado.O documento cita pesquisa realizada em 2006, com 4.634 moças e rapazes entre 18 e 24 anos, nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. A capital baiana registrou o maior percentual de meninas que já abortaram pelo menos uma vez (10,5%, contra 7,2% e 3%, respectivamente). Além disso, na cidade, à época, 49,1% das mulheres entrevistadas relataram ter utilizado o fármaco Cytotec para provocar o abortamento.Só na última quarta-feira, 21, cinco mulheres chegaram à enfermaria da Maternidade Tsyla Balbino, na Baixa de Quintas, em processo de abortamento induzido. Elas tiveram de passar por curetagem uterina, procedimento médico para retirar os restos fetais de um abortamento incompleto.  
Fonte: A Tarde

domingo, 25 de dezembro de 2011

Anvisa propõe que distribuidoras de medicamentos tenham farmácias próprias

Regulamentação visa ampliar controle sanitário e evitar a criação de uma nova figura na cadeia de produtos farmacêuticos

A empresa que for vender medicamentos sujeitos ao controle especial deverá solicitar autorização especialFoto: ReproduçãoA empresa que for vender medicamentos sujeitos ao controle especial deverá solicitar autorização especial
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, nesta segunda-feira (19/12), Consulta Pública (CP) que propõe mudanças na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 222, de 28 de dezembro de 2006.
A proposta da Agência permite que empresas do segmento de farmácias e drogarias possuam estabelecimentos de distribuição de medicamentos, e que empresas do segmento de distribuição de medicamentos possuam estabelecimentos de farmácias e drogarias. Nestes casos, as atividades devem ser praticadas em estabelecimentos diferentes.
Assim, a empresa que vai realizar a atividade – seja ela farmácia, drogaria ou uma central de distribuição – deverá solicitar à Anvisa a Autorização de Funcionamento (AFE), obrigatória para toda empresa do ramo de medicamentos poder funcionar no país.
Se a empresa for vender medicamentos sujeitos ao controle especial, deverá solicitar, também, a Autorização Especial (AE). Nos dois casos, as empresas deverão cumprir, obrigatoriamente, os requisitos de Boas Práticas de Distribuição e Armazenagem, exigidos pela Anvisa.
A Agência, ao regulamentar essa atividade, amplia o controle sanitário e permite o funcionamento dos estabelecimentos de distribuição de medicamentos, também conhecidos como Centrais de Distribuição das Redes de Farmácias, sem a necessidade de criar uma nova figura na Cadeia de Produtos Farmacêuticos.
Contribuições
A Consulta Pública nº 61/2011 fica aberta por 60 dias. Contribuições podem ser enviadas por escrito, em formulário próprio, para um dos seguintes endereços: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - GGIMP, SIA Trecho 5, Área Especial 57, Brasília- DF, CEP 71205- 050; ou para o Fax: (61) 3462-5778; ou, ainda, para o e-mail: cp61.2011@anvisa.gov.br.
Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Estudo mostra que uso de medicamentos anti-HIV pode impedir a transmissão da Aids


Um estudo que mostrou como o uso de medicamentos anti-HIV pode impedir a transmissão da Aids, feito com a ajuda de pesquisadores brasileiros, foi eleito pela Science como a descoberta científica mais relevante de 2011, encabeçando uma lista de 10 estudos destacados pelo periódico científico (veja quadro). Publicado em 11 de agosto pelo New England Journal of Medicine, o estudo comandado pelo professor da Universidade da Carolina do Norte (EUA) Myron Cohen revela que pessoas infectadas com o vírus, quando tomam desde cedo drogas antirretrovirais, têm 96% menos chances de infectar os parceiros. A análise, também conhecida como HPTN 052, destaca como esses remédios trazem um benefício duplo: tratar o problema de saúde e, ao mesmo tempo, evitar a contaminação de novas pessoas.

Em entrevista ao Estado de Minas, Cohen afirma ter ficado “muito feliz” ao receber a notícia da escolha feita pela Science. Ele acredita que isso se deva à “magnitude do resultado de prevenção, que foi extraordinário”. A análise, que começou a ser feita em 2007, contou com a participação de 1.763 casais heterossexuais, sendo que, em cada um deles, apenas um dos parceiros tinha o vírus HIV. Os pesquisadores, então, fizeram com que metade dos voluntários soropositivos tomassem antirretrovirais desde o início do estudo, enquanto a outra metade só foi submetida ao tratamento com os remédios quando a taxa de linfócitos CD4 ficou abaixo de 250, o que indica um comprometimento grave do sistema imunológico.

Durante quatro anos, os casais foram acompanhados e relataram detalhes de sua vida sexual. A grande maioria (96% dos casais que receberam o remédio desde o início e 95% do outro grupo) usou camisinha em todas as relações. Em fevereiro deste ano, um grupo de monitoramento identificou que apenas 39 dos parceiros sem HIV haviam contraído o vírus, sendo que apenas um deles pertencia ao conjunto cujos cônjuges tinham sido tratados precocemente. “Desse modo, conseguimos demonstrar que o tratamento (desde o início) praticamente parou a transmissão da doença”, detalhou Cohen. Os voluntários eram de nove países: Brasil, Estados Unidos, Índia, Tailândia, África do Sul, Zimbábue, Quênia, Malauí e Botsuana. Questionado sobre a escolha de incluir brasileiros na pesquisa, o autor da pesquisa foi taxativo: “Porque a equipe de pesquisadores do Brasil, composta por Beatriz Grinsztejn, José H.S. Pilotto e Breno R. Santos, é excelente”.

Inibidores O psicólogo e coordenador do Polo de Prevenção a DST/Aids da Universidade de Brasília (UnB), o psicólogo Mário Ângelo Silva, explica que os antirretrovirais atuam nas células de defesa do sistema imunológico, inibindo a replicação do HIV. Os medicamentos evitam, assim, a chamada imunodepressão, que facilita a ocorrência das chamadas infecções ou doenças oportunistas, que podem acelerar a morte das pessoas com Aids.

Silva concorda com a decisão da Science de eleger essa pesquisa como a mais relevante do ano. “Tal estudo apresenta resultados muito importantes para a indústria farmacêutica. No entanto, ele não considera aspectos clínicos e comportamentais sobre o efeito dos medicamentos antirretrovirais no corpo e na vida das pessoas diagnosticadas”, pondera. “Esses remédios contêm elementos químicos invasivos, que, além dos benefícios terapêuticos — redução da carga viral e recuperação do sistema imunológico —, podem desencadear reações adversas que afetam a qualidade de vida e a saúde das pessoas em tratamento”, alerta. Entre as reações mais severas estão a sobrecarga do pâncreas e do fígado, e alterações metabólicas como a lipodistria, que é o deslocamento de gordura no corpo e a redução da massa muscular.

Embora o tratamento com antirretrovirais não consiga, sozinho, acabar com a epidemia de Aids em todo o mundo, a descoberta se mostra eficiente na prevenção da transmissão quando associada a outras medidas. “Os outros três meios comprovados de reduzir a emissão do vírus são a circuncisão, o uso de preservativos e o tratamento de outras doenças sexualmente transmissíveis”, relata o autor da pesquisa. Silva acrescenta à lista a melhoria do nível de informação sobre o vírus, a escolha do parceiro sexual, o acesso a testes anti-HIV e o combate ao preconceito contra pessoas soropositivas, à desigualdade de gêneros e à violência sexual.

Segundo Cohen, ele e sua equipe continuam a trabalhar no estudo, a fim de determinar a durabilidade da prevenção. Por isso, todos os casais avaliados continuam a participar do projeto. “Também começamos a observar a adaptação do uso do medicamento na comunidade”, acrescenta. Silva acredita que, além da continuação dos testes, são necessárias, na luta contra a Aids, “pesquisas sobre o presente e o futuro da epidemia no Brasil e no mundo”. “O destaque dessa análise revela os interesses da indústria farmacêutica dedicada ao estudo e à produção de medicamentos antirretrovirais, mas não deixa de ser uma referência importante para a ampliação dos conhecimentos e definição de estratégias de enfrentamento da doença”, afirma o psicólogo.
Thais de Luna



 Estado de Minas