Muito mais do que catálogos de amostra de remédios, os chamados ‘almanaques de farmácia’ foi um item quase que imprescindível nos lares urbanos e rurais de todo o país. Presentes desde o final do século XIX e de grande abrangência no território nacional, tais almanaques além de assumir função de entretenimento, inseria na população novos e diferenciados hábitos de cuidado e higiene com o corpo. Reunindo discurso publicitário, demonstrações da atuação dos medicamentos, depoimentos após a utilização do produto com fotos de ante e depois e imagens de encher os olhos, esses livretos de fácil manuseio, foram auxiliares na inserção e representação de novos padrões, tanto de beleza bem como de comportamento.
Reafirmando a eficácia dos produtos, algumas das principais estrelas da música da época foram ‘garotas propaganda’. Emilinha Borba e Carmélia Alves fizeram publicidade e deram seus depoimentos da maravilha que seus cabelos ficaram após a utilização do “Óleo de ovo”. Produtos como o tônico Capivarol, depurativo Luetyl para tratar a sífilis, as pastilhas Laxativas sagradas, o auxiliar para digestão Pandigestivo, xarope para tosse Bromil dentre outros, vinham de encontro com a necessidade de adquirir tal medicamento para tratar preservar e melhorar a saúde de homens, mulheres e crianças. A resposta da total eficiência dos remédios ficava por conta dos depoimento, os quais eram enviados pelos clientes diretamente para os laboratórios responsáveis pelos milagrosos medicamentos (fig.01). Possivelmente impressionados com o depoimento do usuário do produto, o leitor poderia averiguar através de fotos com o antes e depois, a real mudança ocorrida na vida de tal consumidor (fig.2).
Para a clientela feminina de qualquer idade ou classe social, estes almanaques ofereciam o produto certo para qualquer problema de saúde, como é o caso do famoso “...regulador, tônico, descongestionante, e anti-doloroso...”, A saúde da mulher(fig.03). E para a mulher mãe e dona de casa, é possível encontrar atividades recreativas para entreter e divertir as crianças, além de receitas de bolos, carnes, bem como cuidados com plantas e com a casa.
Enfim, mais do que publicidade de medicamentos, esses ‘almanaques de farmácia’ ocuparam um lugar de destaque na residência dos brasileiros, já que muitas vezes, na falta de outro material para leitura, eram estes que cumpriam tal papel. Dessa forma serviam como entretenimento e também como um manual pedagógico, pois inseriu novas palavras e conhecimentos a respeito de causas e curas de doenças no cotidiano de todos os cidadãos, através de textos de fácil assimilação e imagens que representavam a sociedade em constante modificação.
Jornal da Manha