quinta-feira, 28 de julho de 2011

Novos medicamentos contra hepatite C trazem mais chance de cura, mas custam caro e ainda não estão acessíveis no Brasil

Foram lançados neste ano os primeiros medicamentos que agem diretamente contra a replicação do vírus da hepatite C, os DAAs – sigla em inglês para Directly Acting Antiviral. Até então, o tratamento mais potente era à base do Interferon Peguilado associado à Ribavirana, que atuavam no organismo humano para enfrentar o vírus.
O Boceprevir, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nesta semana e fabricado pelo laboratório MSD (Merck Sharp & Dohme), é um deles. O outro é o Telaprevir, desenvolvido pela Vertex Pharmaceuticals e Johnson & Johnson, mas por enquanto ainda não registrado no Brasil, apesar de já ter a autorização da FDA – órgão norte-americano que faz o controle de alimentos e medicamentos.
Essa nova classe de medicamentos contra o genótipo 1 da hepatite C mostrou uma média de cura de 75%, enquanto o tratamento mais antigo curava cerca de 54% dos pacientes, explica o hepatologista e pesquisador Mário Guimarães Pessoa.
No entanto, os potentes DAAs devem ser acrescentados ao Interferon e a Ribavirana, o que pode chegar a quase 20 comprimidos diários, aumentando ainda mais os efeitos adversos do tratamento. “Tratar a hepatite C não é fácil. Os DAAs talvez, por enquanto, sejam mais indicados para aqueles pacientes difíceis de se curar da doença, como os portadores do HIV e doentes recidivantes”, comenta Mário.

Tratamento caro
O preço médio gasto pelo Ministério da Saúde hoje para o tratamento da hepatite C à base do Interferon Peguilado e da Ribavirina é de aproximadamente R$ 23 mil por cada paciente, durante as 48 semanas de tratamento.
DAAs Telaprevir: tem como foco tratar doentes nunca antes tratados, e é utilizado nas primeiras 12 semanas do tratamento.
Boceprevir: direcionado ao retratamento dos não respondedores, e administrado a partir da 4ª semana e até o final do tratamento.
Os DAAs ainda não são vendidos no Brasil e devem sofrer alterações de preço se o governo vier a fazer a compra centralizada do produto, mas o Grupo Otimismo de Apoio ao Portador de Hepatite fez um levantamento do preço de referência desses remédios nos Estados Unidos.
Segundo o Grupo Otimismo, o uso apenas do Boceprevir no tratamento da hepatite C pode custar até 48.400 dólares, o que equivale a 75.500 reais, enquanto o Telaprevir custa quase 77 mil reais. Esses valores devem ser somados aos gastos com o Inteferon Peguilado e a Ribavirana.
Epaminondas Campos coordena, em Brasília, o Grupo C de Apoio aos Portadores de Hepatites Crônicas. Ela conta que a sociedade civil organizada quer a incorporação imediata dos novos remédios no Sistema Único de Saúde (SUS), mas defende uma redução do preço. “O governo vai negociar e como a demanda será grande esses valores devem ser menores”, comenta.
O ativista diz que em reuniões sobre o tema já foi mencionada a possibilidade de importar de Cuba remédios contra a hepatite e até a produção nacional do Interferon, por exemplo.
De acordo com a Assessoria de Imprensa do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, a Pasta está analisando a introdução dos novos remédios no SUS.
Sobre os altos preços dos medicamentos, o gerente da Área de Cuidado e Melhoria de Vida do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Marcelo de Freitas, disse que a política do governo é sempre negociar com os fabricantes internacionais melhores condições de compra e a redução de preços.

Agencia de noticias da AIDS




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