Embora as vacinas contra a gripe tenham representado algum alívio para alguns, gripes e constipações continuam a ser companhias muito incómodas para a grande maioria das pessoas. Mas os cientistas afirmam que os espirros, tosses e narizes congestionados, sem contar o mal-estar, em breve poderão ser coisa do passado, avança o Diário Saúde. Tanto optimismo justifica-se pelos últimos progressos sendo feitos rumo à criação de um novo tipo de medicamento, chamado antiviral. Medicamento antiviral Da mesma forma que os antibióticos matam muitos tipos diferentes de bactérias, os antivirais poderão matar múltiplos vírus. E, quanto falam em múltiplos vírus, os cientistas pensam desde os vírus da gripe comum até aos muito mais ameaçadores, como os vírus causadores da hepatite e, possivelmente, até mesmo do Ebola e do VIH. Isto poderia representar ainda o fim das epidemias - tanto das verdadeiras quanto das chamadas epidemias-susto - como a SARS e a gripe suína. Como matar os vírus Para fabricar os antivirais, Todd Rider e os seus colegas do MIT (Massachusetts Institute of Technology) estão a utilizar uma abordagem incomum. Eles estão a conectar duas proteínas naturais, uma que detecta o vírus e outra que age como uma chave suicida, matando a célula assim que a primeira detecta o vírus. Eles baptizaram o seu candidato a medicamento de Draco. Já o Dr. Leo James, da Universidade de Cambridge, descobriu que as células têm um sistema interno que caça e mata os vírus - até então se pensava que, uma vez que o vírus adentrava à célula, a infecção era inevitável. A equipa está agora a trabalhar na criação de drogas antivirais que possam ligar-se ao próprio vírus, matando-o dentro da célula. A equipa do Dr. Peter Palese, da Escola Médica Monte Sinai, parece estar mais adiantada: eles criaram uma droga antiviral que se mostrou eficaz contra o vírus da gripe, mas que ainda não é tão boa contra outros vírus. Fármaco maravilhoso Estas são apenas alguns exemplos das abordagens utilizadas. Ou seja, apesar dos progressos, os cientistas ainda não conseguiram dizer exactamente como surgirá a solução mágica contra os vírus. E, qualquer que seja o caminho, ainda há muitos desafios à frente. Os vírus e as células humanas tornam-se intimamente ligados numa infecção. Com isto, há muitos efeitos secundários possíveis desses medicamentos. O interferon, quando descoberto, nos anos 50, foi tido como um fármaco maravilhoso, um antiviral de amplo espectro. Isto porque o interferon faz com que a célula infectada segregue um sinal de alerta para as outras células, permitindo que elas armem as suas defesas naturais. Entretanto, o fármaco também acciona o sistema imunológico, que envia glóbulos brancos para atacar a infecção, causando inflamações na área, febre e dores. O interferon - na verdade uma classe de medicamentos, os interferons - ainda é usado para combater doenças graves, como o vírus da hepatite C. Mas tratar uma gripe com interferon faz com que o remédio literalmente faça sentir pior do que a gripe o faria. Draco De todas as abordagens adoptadas até agora contra os vírus, a Draco é a que desperta os maiores entusiasmos e as maiores críticas. Como o interferon, a Draco também é uma proteína, com potencial para provocar uma resposta imunológica. Isto pode ser ainda mais problemático no caso de um segundo tratamento. Mas, pelo menos em ratinhos, até agora a Draco não mostrou nenhuma resposta imunológica. Como a Draco funciona As proteínas naturais numa célula infectada detectam a presença de um vírus - essas proteínas são sensíveis ao RNA, uma molécula genética única e presente em praticamente todos os vírus. Os investigadores pegaram numa dessas proteínas naturais e ligaram-na a outra proteína natural, também presente em todas as células, que acciona a apoptose, a morte programada da célula. Uma vez aplicada, o fármaco vai a todas as células no corpo, mas somente se torna activa nas células infectadas. Numa questão de horas, a parte sensível ao RNA da droga detecta o vírus e faz a célula suicidar-se. Quando a célula hospedeira morre, o vírus também morre. Fonte: RCM Pharma
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