sábado, 14 de janeiro de 2012

Analgésico é inimigo real quando consumido de forma abusiva

Muitos recorrem a analgésicos disponíveis no mercado para o controle da dor, mesmo que não tenham acompanhamento de um profissional médico

Muitos recorrem a analgésicos disponíveis no mercado para o controle da dor, mesmo que não tenham acompanhamento de um profissional médico

Adriel Arvolea

Quem nunca tomou aspirina que atire a primeira bula. Recorrer a analgésicos para o alívio da dor é um hábito comum entre as pessoas, muitas vezes até exagerado e que foge ao próprio controle. Prova disso é o levantamento realizado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão do governo americano que revela, nos Estados Unidos, ter triplicado o número de mortes por overdose de analgésicos de 1990 a 2008. Dessa forma, o quadro diagnosticado reflete um comportamento que ultrapassa a fronteira americana, mas que chega a um consenso universal: a preocupação das autoridades mundiais de saúde com relação ao consumo desse tipo de medicamento.

Basicamente, os analgésicos disponíveis no mercado são enquadrados em três categorias: analgésicos opioides - controle da dor, para o tratamento de dor aguda e crônica; analgésicos não–opioides - anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) para o tratamento de dores de intensidade leve e moderada, e os de ação antitérmica para dores de intensidade leve e moderada; e os analgésicos adjuvantes - administrados por outras razões que não a dor.

Para comprar analgésicos opioides e os adjuvantes, é possível somente com a retenção da receita especial em duas vias. Os analgésicos não–opioides, como AINEs (anti-inflamatórios não-esteroidais), deveriam ser vendidos sob prescrição médica, mas para alguns deles não é necessário. Exemplo: a aspirina, pois é um medicamento para a prevenção de infartos e derrames, mas em pessoas asmáticas pode desencadear crises agudas.

De acordo com a Drª Tatiane Catroque Simal, farmacêutica da Farmazul, é preciso cuidado e o acompanhamento de um profissional para o devido consumo do remédio. “Têm analgésicos com o objetivo de tratar sintomas ou doenças leves de forma rápida. Todavia, exigem cuidados devido à automedicação para que seja evitada a intoxicação, interações medicamentosas e o uso indevido. Idosos, gestantes e crianças, por exemplo, devem procurar sempre o médico para utilização de qualquer medicamento”, explica Simal.

Apesar do alívio da dor ou de qualquer outro sintoma, os efeitos colaterais provocados pelo uso de medicamentos são reais. “Os mais prejudiciais ao organismo sem orientação médica são os anti-inflamatórios, seguidos por analgésicos. A combinação de medicamentos sem indicação médica é um problema sério. Além do fato de um remédio anular o efeito do outro, pode desencadear diversos danos à saúde, como irritação gástrica, úlceras pépticas, hemorragias ocultas e do trato gastrintestinal, alterações renais e hepáticas, entre outros”, reforça a farmacêutica.

Nesse sentido, mais do que informar sobre o uso correto de medicamentos, o farmacêutico tem o importante papel de orientar o cidadão sobre todas as questões que envolvem a saúde: desde o perigo da automedicação até os cuidados que devem ser tomados para a eficácia do tratamento. “Um medicamento utilizado de forma incorreta ameaça a saúde e põe a vida em risco. Seja por orientação do vizinho, da mãe ou mesmo do ‘Doutor Google’, recomenda-se sempre procurar orientação médica ou farmacêutica. Além disso, é preciso alertar as pessoas que ao se automedicarem correm o risco de mascarar uma doença que está por trás dos sintomas”, conclui.

PSICOLOGIA

Do ponto de vista psicológico, a profissional clínica Rosane Rodrigues Marques diz que os seres humanos apresentam baixa tolerância à dor, preferindo recorrer às medicações, ou seja, ao alívio imediato. Dessa forma, muitos recaem na questão da hipocondria, ou seja, mania de doença em que a pessoa tem a crença infundada de padecer de uma doença grave.

“O melhor remédio para prevenir o abuso de medicamentos é a informação para conscientizar as pessoas dos riscos. Outro aspecto importantíssimo é entender que tudo começa na nossa mente, sobretudo nos hábitos que elegemos para o nosso dia a dia. Portanto, valorizar a simplicidade de estar vivo, trocar maus hábitos por hábitos saudáveis - respeitar as horas necessárias de sono, respeito ao físico praticando atividades com consciência, equilíbrio na alimentação diária e bom senso para lidar com nossas angustias básicas são sinais de amor para consigo mesmo”, esclarece a psicóloga.

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