Apesar do entusiasmo, Menck não crê que o país possa ter um papel significativo na produção do novo medicamento. “No Brasil, temos pouco desenvolvimento. Há uma pesquisa bastante razoável, mas basicamente feita nas universidades. O desenvolvimento nas empresas farmacêuticas infelizmente é muito pequeno”. Segundo ele, as empresas têm dificuldade por causa do chamado “custo Brasil” (falta de infraestrutura, burocracia, carga tributária, entre outros fatores).
“Por que a pesquisa só é feita nas universidades? Porque a competitividade é muito baixa. Pagamos três vezes do que é cobrado lá fora. Para competir, mesmo em nível acadêmico, tenho dificuldade. Para ter alguma coisa, levo de três a seis meses. Isso nos prejudica na academia e inviabiliza quando se pensa no processo produtivo”.
O primeiro vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina (Abifina), Nélson Brasil, faz coro com Menck e assinala outras contradições na produção de fármacos. “O Brasil tem tudo que é necessário para se desenvolver: temos territórios, não temos problemas étnicos, temos biodiviserdade, temos clima, temos água; e, no entanto, nos encontramos em processo de desindustrialização”, lamenta.
De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil importou no ano passado US$ 6,8 bilhões em produtos medicinais e farmacêuticos (segundo a Classificação Uniforme para o Comércio Internacional - Cuci), principalmente dos Estados Unidos, da Alemanha, Suíça, França e do Reino Unido. O déficit na balança comercial foi de US$ 5,5 bilhões.
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